terça-feira, 16 de março de 2010

O Menino do Forno

O menino do forno escreve sua vida em papel de pão. Sua voz não é a mesma de antes, nem aparenta ser mais um menino. Em sua clausura vive a poetizar e há contar seu tempo. Calcula o tempo e sonha com a sua liberdade, com ventos que irão soprar para um lugar melhor. Seu olhar busca nas paredes rabiscadas de giz de cera um caminho a seguir, uma porta aberta e uma janela por onde o sol possa lhe trazer luz.

O menino do forno espera que o tempo passe, mas o tempo não passa e faz sempre as mesmas perguntas e as respostas nunca chegam. O tempo não sabe respondê-lo, porque não há de se passar por ele.

O menino do forno sonha sempre os mesmos sonhos, e sem esperança os deseja realizar. Faz suas preces com fervor, como se alguém pudesse ouvi-lo. Um movimento com as mãos sinaliza o final de seu ritual diário. Esperança. Ele pede. Paz. Ele deseja.

O menino do forno perdeu seu lápis e agora escreve com sangue os capítulos de sua história fantástica, e não mais em papel de pão e sim nas paredes de seu exílio.

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