terça-feira, 27 de abril de 2010

Homens Brincando de Deus


Enquanto a natureza se vinga dos homens que, com sua ganância, tomam conta de territórios inabitáveis e inacreditáveis, o mesmo tenta entender e se antecipar aos acontecimentos causados pela grande mãe. Criando formas e máquinas para detectar os fenômenos ocorridos, atualmente vêm brincando de ser deus.
Chegará o dia em que poderemos saber antecipadamente quando virá a maior chuva?  Porque as praias poderão lotar nesse final de semana e não seria bom pegar um transito imenso num dia chuvoso que vai transformar meu carro num barco sem rumo na avenida. E enquanto estou á deriva, meus queridos estão procurando abrigo na casa do vizinho, porque a nossa já foi tomada pela lama da mata que nós invadimos.
Eu quero falar do meu cachorrinho “pluto” que não teve força suficiente para sair da corrente que o levou para o rio mais próximo. Ele era um cão não um peixe.
Eu preciso de um brinquedo que me diga quando vai chover para não perder meus queridos e nem meus bichinhos. Eu quero um deus para me dizer que não vou precisar me assustar quando vir uma nuvem no céu ou tiver de andar com um colete inflável nas ruas de minha cidade.
O governo gastou meu dinheiro na compra de uma máquina que vai me dizer que a natureza não me quer em casa ou que eu não poderei sair por ai como antes. Tenho medo da reação que minha mãe terá quando eu acessar um site e disser a ela que nessa noite não dormiremos em casa, porque a grande máquina previu.
Eu quero poder sonhar que ainda posso viver em harmonia nesse mundo sem ter que viver a custa de previsões instáveis e pouco prováveis. Afinal, quem é quem? Quem é deus nessa brincadeira?

(Texto enviado ao projeto oficina de textos da escritora Maíra Viana)

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